Iniciada a sua construção na época de Augusto, no século
I da e.c., terá sido durante as duas
centúrias seguintes que a sua edificação se foi completando. Este facto
ter-se-á ficado a dever à campanha então empreendida de mudança da malha urbana
pré-existente, quando o culto imperial impôs a existência de uma cidadela.
Como muitas outras edificações, também este templo
sofreu alterações estruturais ao longo dos séculos. Assim, logo no século V,
seria destruído durante as invasões "bárbaras", enquanto no século
XIV serviu de casa-forte ao castelo de Évora, ao mesmo tempo que de açougue.
No
século XIX ainda apresentava os merlões em forma de pirâmide, erguidos durante
as campanhas de adaptação mudéjar e manuelina. Além destes elementos, eram de
igual modo visíveis as empenas cegas de onde despontava uma colunata.
Finalmente, em 1836, deixou de funcionar como açougue. É nesta altura que são
demolidos os edifícios anexos ao alçado norte do Templo, dando-se início àquela
que poderá ser considerada como a primeira grande intervenção arqueológica
empreendida entre nós, durante a qual se descobriram os tanques pertencentes a
um primitivo aqueduto.
Em 1863, o investigador Augusto Filipe Simões propôs a
demolição de todos os elementos medievais, ao defender a reposição da
"traça primitiva" do Templo. É, então, que, num ambiente
verdadeiramente romântico e idealizado, o projecto é entregue a José Cinatti,
que concebe o seu restauro integral. Este Templo constitui o que resta do forum
da cidade de Évora, que uma tradição seiscentista considerou dedicado à deusa
Diana mas que, na realidade, seria consagrado ao culto imperial.
De linhas asumidamente clássicas, pertencente a uma
tipologia que assistiu ao seu desenvolvimento especialmente no território da
Península Ibérica, esta estrutura demonstra uma convivência plenamente
harmoniosa entre materiais de construção tão diferentes, como o mármore e o
granito.
De todo o complexo, chegaram até aos nossos dias o
podium, quase completo, onde é ainda bem visível a escadaria, apesar do seu
desmoronamento. O podium, propriamente dito, encontra-se estruturado numa área de 25 m de comprimento, 15 m de largura e 3,5 m de altura, em cantaria
granítica de aspecto irregular, o denominado opus incertum .
Quanto às colunas,
este Templo, um dos mais bem conservados da Península Ibérica, apresenta a
colunata intacta, composta de 6 colunas, arquitrave e fragmentos do friso no
seu topo norte, enquanto do seu lado oeste surgem apenas 3 colunas inteiras -
uma das quais sem capitel e base, fragmentos da arquitrave e um dos frisos.
No respeitante à tipologia, são colunas coríntias com fustes vincadamente
canelados, constituídas por 7 tambores de tamanho irregular. As colunas
assentam em bases circulares de mármore branco de Estremoz. Em relação aos
capitéis, eles apresentam-se lavrados no mesmo mármore, com decoração
estruturada em 3 ordens de acantos e ábacos, ornamentados de florões e flores,
como malmequeres, girassóis e rosas.
Escavações mais recentes, nomeadamente as orientadas por
Th. Hauschild, revelaram que o Templo seria rodeado por pórtico monumental e um
espelho de água.
[AMartins]
Classificado como
Monumento Nacional
Texto retirado de: www..patrimoniocultural.gov.pt
Fotografias de Rafael Baptista e de C@rlos Baptista
(Julho de 2019)