quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Templo Romano de Évora









Iniciada a sua construção na época de Augusto, no século I da e.c., terá sido durante as duas centúrias seguintes que a sua edificação se foi completando. Este facto ter-se-á ficado a dever à campanha então empreendida de mudança da malha urbana pré-existente, quando o culto imperial impôs a existência de uma cidadela.









Como muitas outras edificações, também este templo sofreu alterações estruturais ao longo dos séculos. Assim, logo no século V, seria destruído durante as invasões "bárbaras", enquanto no século XIV serviu de casa-forte ao castelo de Évora, ao mesmo tempo que de açougue. 



No século XIX ainda apresentava os merlões em forma de pirâmide, erguidos durante as campanhas de adaptação mudéjar e manuelina. Além destes elementos, eram de igual modo visíveis as empenas cegas de onde despontava uma colunata. Finalmente, em 1836, deixou de funcionar como açougue. É nesta altura que são demolidos os edifícios anexos ao alçado norte do Templo, dando-se início àquela que poderá ser considerada como a primeira grande intervenção arqueológica empreendida entre nós, durante a qual se descobriram os tanques pertencentes a um primitivo aqueduto.








Em 1863, o investigador Augusto Filipe Simões propôs a demolição de todos os elementos medievais, ao defender a reposição da "traça primitiva" do Templo. É, então, que, num ambiente verdadeiramente romântico e idealizado, o projecto é entregue a José Cinatti, que concebe o seu restauro integral. Este Templo constitui o que resta do forum da cidade de Évora, que uma tradição seiscentista considerou dedicado à deusa Diana mas que, na realidade, seria consagrado ao culto imperial.











De linhas asumidamente clássicas, pertencente a uma tipologia que assistiu ao seu desenvolvimento especialmente no território da Península Ibérica, esta estrutura demonstra uma convivência plenamente harmoniosa entre materiais de construção tão diferentes, como o mármore e o granito.



De todo o complexo, chegaram até aos nossos dias o podium, quase completo, onde é ainda bem visível a escadaria, apesar do seu desmoronamento. O podium, propriamente dito, encontra-se estruturado numa área de 25 m de comprimento, 15 m de largura e 3,5 m de altura, em cantaria granítica de aspecto irregular, o denominado opus incertum .








Quanto às colunas, este Templo, um dos mais bem conservados da Península Ibérica, apresenta a colunata intacta, composta de 6 colunas, arquitrave e fragmentos do friso no seu topo norte, enquanto do seu lado oeste surgem apenas 3 colunas inteiras - uma das quais sem capitel e base, fragmentos da arquitrave e um dos frisos. 











No respeitante à tipologia, são colunas coríntias com fustes vincadamente canelados, constituídas por 7 tambores de tamanho irregular. As colunas assentam em bases circulares de mármore branco de Estremoz. Em relação aos capitéis, eles apresentam-se lavrados no mesmo mármore, com decoração estruturada em 3 ordens de acantos e ábacos, ornamentados de florões e flores, como malmequeres, girassóis e rosas.



Escavações mais recentes, nomeadamente as orientadas por Th. Hauschild, revelaram que o Templo seria rodeado por pórtico monumental e um espelho de água.




[AMartins]



Classificado como  Monumento Nacional


Texto retirado de: www..patrimoniocultural.gov.pt









Fotografias de Rafael Baptista e de C@rlos Baptista
(Julho de 2019)