As termas da Amieira situam-se em
Samuel, concelho de Soure.
Em 1892, as termas foram descritas como tendo um pequeno número de
fogos, capela e estabelecimento explorador das águas. As três nascentes
existiam na vertente de uma montanha, à beira de uma planície, atravessada a
norte pelo Rio Pranto, dando um caudal diário de quase quatro milhões de
litros. A água era de tal modo abundante, que permitia que fosse aproveitada
para o estabelecimento balnear, bem como para
exportação para todo o país e para África.
Estas águas foram as primeiras no nosso país classificadas como
cloretadas, e pela sua composição e excelente forma de captação receberam
variados prémios.
Os balneários contavam com várias classes de banhos com 19 tinas,
piscina, e os mais modernos aparelhos nos padrões da altura. Contava ainda com
uma oficina de enchimento de garrafas que exportava para diferentes pontos do
país e para África. Foram consideradas ainda como uma das mais frequentadas do
país, com uma média de 1200 a 1300 visitantes por ano.
Entretanto, em 1910. o alvará de concessão mudou de mãos, e foram
feitas obras de renovação. Passaria a apresentar, então, uma única nascente situada ao fundo de uma
escavação de 3m de profundidade, situada dentro de uma gruta artificial. O
edifício mais antigo passa a ser destinado a banhos de 2.ª e 3.ª classe,
enquanto que o mais recente possuía salas de inalações, pulverizações, e duches
de agulheta, circulares, vaginais e perineais. Os Banhos de imersão eram dados
em salas mais amplas, cada uma com uma tina de ferro esmaltado.
Numa vistoria em 1928, é relatado que a buvete construída sobre o
depósito ameaçava ruína. Obras de recuperação foram efectuadas no ano seguinte,
sem estarem aprovados os projectos. Durante as décadas de 30 e 40, o hotel
deixara de funcionar, obrigando os visitantes a instalarem-se na Figueira da
Foz. Entretanto, a sua frequência era cada vez menor, justificada na altura
pelos arrozais da região, que atraíam mosquitos.
Em 1963, o balneário é classificado como modesto do tipo rural, e
embora os arrozais já não significassem um problema, a decadências das termas
já era notória, pois o parque e a capela anexa já se encontravam abandonados.
Actualmente, a capela, o hotel, e o parque estão em ruínas, tendo sido classificados como
edifícios de Interesse Municipal em 1994. Em ruínas encontram-se também os
antigos balneários, pensão e outros anexos destas termas, onde a água mineral
corre em grande caudal por três bicas num espaço abaixo do nível do solo, junto
do que resta do antigo portão de acesso às termas. Todo o complexo é
actualmente pertença da Câmara Municipal de Soure, encontrando-se em elaboração
um projecto de recuperação do espaço para fins termais e de lazer.
Texto retirado de: Face Oculta de Portugal
Fotografias de Beatriz Duarte
(2017)