terça-feira, 1 de maio de 2018

Termas da Amieira - Soure





As termas da Amieira situam-se em
 Samuel, concelho de Soure.








Em 1892, as termas foram descritas como tendo um pequeno número de fogos, capela e estabelecimento explorador das águas. As três nascentes existiam na vertente de uma montanha, à beira de uma planície, atravessada a norte pelo Rio Pranto, dando um caudal diário de quase quatro milhões de litros. A água era de tal modo abundante, que permitia que fosse aproveitada para o estabelecimento balnear, bem como para  exportação para todo o país e para África.
Estas águas foram as primeiras no nosso país classificadas como cloretadas, e pela sua composição e excelente forma de captação receberam variados prémios.



Os balneários contavam com várias classes de banhos com 19 tinas, piscina, e os mais modernos aparelhos nos padrões da altura. Contava ainda com uma oficina de enchimento de garrafas que exportava para diferentes pontos do país e para África. Foram consideradas ainda como uma das mais frequentadas do país, com uma média de 1200 a 1300 visitantes por ano.








Entretanto, em 1910. o alvará de concessão mudou de mãos, e foram feitas obras de renovação. Passaria a apresentar, então,  uma única nascente situada ao fundo de uma escavação de 3m de profundidade, situada dentro de uma gruta artificial. O edifício mais antigo passa a ser destinado a banhos de 2.ª e 3.ª classe, enquanto que o mais recente possuía salas de inalações, pulverizações, e duches de agulheta, circulares, vaginais e perineais. Os Banhos de imersão eram dados em salas mais amplas, cada uma com uma tina de ferro esmaltado.



Numa vistoria em 1928, é relatado que a buvete construída sobre o depósito ameaçava ruína. Obras de recuperação foram efectuadas no ano seguinte, sem estarem aprovados os projectos. Durante as décadas de 30 e 40, o hotel deixara de funcionar, obrigando os visitantes a instalarem-se na Figueira da Foz. Entretanto, a sua frequência era cada vez menor, justificada na altura pelos arrozais da região, que atraíam mosquitos.











Em 1963, o balneário é classificado como modesto do tipo rural, e embora os arrozais já não significassem um problema, a decadências das termas já era notória, pois o parque e a capela anexa já se encontravam abandonados.










Actualmente, a capela, o hotel, e o parque estão em  ruínas, tendo sido classificados como edifícios de Interesse Municipal em 1994. Em ruínas encontram-se também os antigos balneários, pensão e outros anexos destas termas, onde a água mineral corre em grande caudal por três bicas num espaço abaixo do nível do solo, junto do que resta do antigo portão de acesso às termas. Todo o complexo é actualmente pertença da Câmara Municipal de Soure, encontrando-se em elaboração um projecto de recuperação do espaço para fins termais e de lazer.




Texto retirado de: Face Oculta de Portugal






Fotografias de Beatriz Duarte

(2017)