Casais Velhos é um sítio arqueológico, tendo ali sido implantada uma
villa durante o período romano.
Situa-se actualmente na Rua de S. Rafael, a norte da povoação da Areia
e encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público.
Foi objecto de escavações arqueológicas em 1945, da responsabilidade
de Afonso do Paço e Fausto de Figueiredo. Já nos finais da década de 60 e
inícios da de 70 do século XX, Octávio da Veiga Ferreira e António de Castelo
Branco continuaram os trabalhos de escavação e realizaram campanhas de limpeza
e consolidação.
O que actualmente se observa no local são um conjunto de estruturas
tardo-antigas (séculos III/VI), com destaque naturalmente, pelas dimensões,
para o edifício termal, composto do frigidarium, de uma sala tépida de
transição (tepidarium) e do praefurnium, destinado ao aquecimento do ar que
circulava sob o pavimento e da própria água dos tanques, de configuração
semicircular. Nas proximidades foi identificado um tanque de grandes dimensões,
possivelmente o natatio, que era abastecido pelo aqueduto a partir de uma
nascente.
Das estruturas que originalmente constituíam a pars rustica foi
possível identificar dois compartimentos, um dos quais com duas pequenas tinas
revestidas a opus signinum e com encaixe para tampa hermética. Estes
recipientes aliados ao achamento de conchas de búzio (murex) levou alguns
especialistas a considerarem a hipótese de os habitantes desta villa se
dedicarem à indústria da tinturaria de tecidos e ou curtumes.
Foram ainda identificadas outras estruturas, uma das quais associada
a um lagar, com o respetivo tanque de decantação e o peso de lagar em pedra
local e dois silos tapados com lajes circulares e escavados na própria rocha.
Registaram-se, ainda, diversas sepulturas de inumação pertencentes a
três áreas de necrópoles às quais se encontram associados os principais
achados, nomeadamente uma moeda ilegível, envolta em pano de linho, uma agulha
em bronze, um aplique de forma zoomórfica em bronze, uma lucerna, datável do
século III ou IV e várias moedas atribuídas aos imperadores Flávio Júlio
Constâncio II (317-361), Constante (?-350), Teodósio I, o Grande (c. 346-395),
Constantino I, o Magno (c. 271- 337) e Arcádio (c. 377-408), a sugerirem uma
ocupação já no final do Império Romano do Ocidente.
Texto retirado de : www.cascais.pt
Fotografias de C@rlos Baptista
(Agosto de 2017)