quarta-feira, 10 de maio de 2017

Portal manuelino da antiga Capela do Espírito Santo - Alcainça





A data de fundação da capela original é desconhecida, sendo plausível imaginar que se tratasse de construção quinhentista, talvez coeva da atribuição de foral novo a Sintra, a cujo termo Alcainça ainda pertencia, em 1514 (Mafra recebera a mesma distinção régia no ano anterior). De qualquer forma, a construção ruiu aquando do terremoto de 1755, pelo que a presente capela, onde foi reintegrado o portal, é de construção posterior.








O portal é um exemplar manuelino típico, rematado em arco contracurvado rebaixado, constituído por quatro segmentos torsos sobrepostos, e decorado em tom feérico, embora conservando alguma sobriedade. Nas ombreiras, assentes sobre altas bases duplas de secção oitavada e decoração geometrizante, erguem-se dois colunelos torsos servindo de moldura exterior, que sobem até aos capitéis, também duplos e com temática vegetalista, onde assenta o arco, e se prolongam pela fachada até à altura do festão que o remata. 



Por dentro, os pés-direitos são rematados por colunelos lisos assentes nas mesmas bases, e continuando, depois dos capitéis, para formar o arco interior do portal, paralelo ao exterior. Os remates dos vários elementos incluem festões e cogulhos, pináculos torsos e rosetas. As ombreiras são decoradas com rosetões e alguma fauna, sendo esta composta por um curioso macaco no pé-direito do lado esquerdo, e um pássaro de talhe gordo no intradorso do arco. 















Estes exemplares juntam-se a uma outra representação de uma ave, esta devorando ou transportando algo no bico, e um peixe, ambos no extradorso do arco, e enquadrando uma cruz da Ordem de Cristo e um escudo de Portugal.





Classificado como Imóvel de 
Interesse Público.




Texto retirado de: patrimoniocultural.gov.pt





Fotografias de Rafael Baptista
(Abril de 2017)