A data de fundação da capela original é desconhecida, sendo plausível
imaginar que se tratasse de construção quinhentista, talvez coeva da atribuição
de foral novo a Sintra, a cujo termo Alcainça ainda pertencia, em 1514 (Mafra
recebera a mesma distinção régia no ano anterior). De qualquer forma, a
construção ruiu aquando do terremoto de 1755, pelo que a presente capela, onde
foi reintegrado o portal, é de construção posterior.
O portal é um exemplar manuelino típico, rematado em arco
contracurvado rebaixado, constituído por quatro segmentos torsos sobrepostos, e
decorado em tom feérico, embora conservando alguma sobriedade. Nas ombreiras,
assentes sobre altas bases duplas de secção oitavada e decoração geometrizante,
erguem-se dois colunelos torsos servindo de moldura exterior, que sobem até aos
capitéis, também duplos e com temática vegetalista, onde assenta o arco, e se
prolongam pela fachada até à altura do festão que o remata.
Por dentro, os
pés-direitos são rematados por colunelos lisos assentes nas mesmas bases, e
continuando, depois dos capitéis, para formar o arco interior do portal,
paralelo ao exterior. Os remates dos vários elementos incluem festões e
cogulhos, pináculos torsos e rosetas. As ombreiras são decoradas com rosetões e
alguma fauna, sendo esta composta por um curioso macaco no pé-direito do lado
esquerdo, e um pássaro de talhe gordo no intradorso do arco.
Estes exemplares
juntam-se a uma outra representação de uma ave, esta devorando ou transportando
algo no bico, e um peixe, ambos no extradorso do arco, e enquadrando uma cruz
da Ordem de Cristo e um escudo de Portugal.
Classificado como Imóvel de
Interesse Público.
Texto retirado de: patrimoniocultural.gov.pt
Fotografias de Rafael Baptista
(Abril de 2017)