O Padrão do Senhor Roubado está localizado à saída da Calçada de
Carriche, num pequeno largo junto à estrada que conduz a Odivelas.
Na manhã do dia 11 de Maio de 1671 o padre da paróquia de Odivelas
encontrou a Igreja Matriz virada do avesso: tinha sido assaltada na noite
anterior, tendo sido roubadas algumas peças, vestuário de santos e as hóstias.
Logo se responsabilizaram os cristãos-novos pelo nefando sacrilégio. Fizeram-se
preces, procissões, versos antijudaicos, auto-flagelações indescritíveis e a
Corte ficou de luto.
Um mês depois, em 16 de Junho, foram encontradas algumas
das peças roubadas, enterradas justamente no local onde viria a ser edificado
em 1744 o padrão ao Senhor Roubado.
Conjunto de painéis de azulejos que ilustram diversos episódios,
desde o furto da igreja matriz ocorrido em 1671, à execução de António Ferreira.
Em 16 de Outubro do ano do roubo foi preso,
junto ao Mosteiro de São Dinis – a dois passos da assaltada Igreja Matriz de
Odivelas –, um sujeito que tentava roubar as galinhas do mosteiro. Foi preso e
identificado como autor do roubo de 10 de Maio. Como não bastasse a confissão,
foi interrogado sob tortura, por dois inquisidores, concluindo-se que se
tratava de um pobre diabo, sem o juízo todo, que ficara fascinado com as
reluzentes vestes dos santos e, perdido de bêbedo, comera as hóstias.
O ladrão
chamava-se António Ferreira e foi condenado a que lhe cortassem em mãos em vida
e queimadas à sua vista, após o que foi garrotado e queimado numa fogueira
ateada no Rossio no dia 23 de Novembro de 1671. (...)
de Jorge Martins (historiador)
Está classificado como Imóvel de
Interesse Público.
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Fotografias de Rafael Baptista
(2016)