Castro Marim foi edificada sobre um monte do Castelo,
umas das mais significativas invocações que a Idade Média introduziu na
paisagem portuguesa, na margem direita do rio Guadiana.
A primeira fortaleza de Castro Marim deveria ter
consistido num castro familiar ou de povoamento do período neolítico, levantado
na coroa desse monte.
Devido à configuração topográfica e localização
estratégica de Castro Marim, foi esta vila povoada por vários povos, entre
eles, Fenícios, Cartagineses, Vândalos e Mouros, estes derrotados, aquando da
conquista da vila por D. Paio Peres Correia em 1242.
Em 1277, D. Afonso III concedeu-lhe Carta de Foral com
grandes privilégios para atrair população mais facilmente aquela zona, erguendo
a cerca medieval, onde inicialmente, a vila se desenvolveu.
A vila cresceu, inicialmente, dentro das muralhas do
castelo velho, de planta quadrangular, definido por quatro torreões cilíndricos
nos ângulos e um pátio interno, com duas portas de acesso, uma a sul e outra
norte.
Mais tarde, no reinado de D. Dinis, compensando a perda
de Ayamonte que passou para o domínio de Castela, mandou o rei reforçar a
fortificação, ampliando-a com a construção da Muralha de Fora, para abrigo e
defesa da população, atraindo-a com a confirmação e ampliação dos privilégios atribuídos
pelo seu pai D. Afonso III, concedendo-lhe nova Carta de Foral em 1282.
Durante todo o processo de conquista do Algarve, não se
pode descurar a importância do papel das Ordens Militares Religiosas.
Castro Marim, pela sua localização geo-raiana, conseguiu
atrair, com a ajuda do rei D. Dinis e pela bula papal instituída pelo papa João
XXII, a Ordem de Santiago, que terá herdado os bens da Ordem dos Templários
extinta em 1321, instalando a sua sede no Castelo de Castro Marim de 1319 até
1356, ano em que foi transferida, por ordem de D. Pedro I, para Tomar, devido à
cessação das lutas contra os mouros e de um progressivo desprestígio da zona. A
partir dessa altura, a importância deste Castelo foi diminuindo e a vila
começou a despovoar-se, apesar dos privilégios atribuídos pelos monarcas.
Com a entrada do século XV e com o incremento das
campanhas ultramarinas, a Coroa Portuguesa encontrou no Algarve o melhor
posicionamento geográfico e estratégico, pela proximidade ao Norte de África,
mantendo assim mais facilmente essas praças, controlando-as, para além de
controlar possíveis ataques de corsários vindos do sul ou da vizinha Espanha.
Castro Marim tornava-se assim, pela sua localização
geográfica, numa das principais praças de guerra aquando do destacamento das
nossas tropas além-mar, perdendo o seu apogeu relativamente a outras praças de
guerra algarvias durante o século XVI.
Durante o reinado de D. Manuel I, com a nova Carta de
Foral atribuída a esta vila em 1504, inicou-se a relevante obra de restauro e defesa do
Castelo, iniciada em 1509.
Esta obra visara um duplo objectivo de apoio às
conquistas ultramarinas e de vigilância aos possíveis ataques corsários a que
esta vila estava sujeita.
Dentro do recinto muralhado, situavam-se as ruínas da
Igreja de Santiago, primitiva matriz da vila, construída no século XIV, a
Igreja de Santa Maria e antiga Igreja da Misericórdia, junto à porta de Armas,
que serviu a população até ao século XVI, altura em que a vila começou a
crescer para fora do recinto muralhado, significando o aumento de terra firme.
D. João IV ( O Restaurador)
Por este motivo e com o incremento das estruturas
abaloartadas durante o século XV, mandou D. João IV, aquando das Guerras da
Restauração em 1640, dada a importância militar desse ponto, restaurar o
Castelo e fazer novas obras de fortificação, construindo o Forte de S.
Sebastião e de Revelim / Forte de S. António.
Texto retirado de: cm-castromarim.pt
Fotografias de Beatriz Duarte
(2018)